segunda-feira, novembro 5

Sábado memorável...

O sábado amanheceu cinzento, triste e com ondas muito pequenas na praia da Vila. Seria mais um dia entre tantos de marolas e a tão aguardada reagida no mar já estava até mesmo sendo questionada por todos.

Porém, aos poucos, como num toque de mágica e sem muito alarde, a nebulosidade foi se dissipando e um sol tímido apareceu mudando o astral. Com a corda no pescoço e sentindo a pressão dos atletas e da imprensa em função de quatro adiamentos consecutivos, os organizadores, após intermináveis e desgastantes chamadas, resolveram no início da tarde, já com sol brilhando e muita gente na beira da praia iniciar as disputas.

Acompanhei algumas baterias atentamente. Dornelles surfou com força e pressão e nas esquerdas vencedoras que predominavam até então, com cerca de 3’pés avançou direto para a terceira fase. Ao sair da água o largo sorriso no rosto era o reflexo do seu melhor momento no Tour.

Sentado na graminha, no espaço destinado a imprensa ao lado do palanque, enquanto conversava com alguns amigos que não encontrava há algum tempo, conferi também a interferência boba cometida pelo carioca Simão Romão sobre Taylor Knox.

Dois outros surfistas me chamaram atenção. Jeremy Flores e Willian Cardoso surfaram bonito e venceram os seus confrontos. O atual líder do QS surpreendeu acertando na escolha de ondas e por obra do acaso suas direitas foram as mais pontuadas.

As baterias de Joel Parkinson – contra Adrian Buchan e Diego Rosa, e Mick Fanning – contra Guga Arruda e Bruce Irons não chegaram a me empolgar. Achei inclusive que a nota da primeira onda do catarinense foi achatada pelos juízes e fundamental para suas pretensões no confronto. Ia me esquecendo de uma esquerda do "Fire", onde ele deu sete tamancadas, dessas, três extremamente verticais.

O sábado fechou de forma magnífica. Slater estava na nona e última bateria do dia e protagonizou um verdadeiro show antes mesmo de entrar no mar. Uma multidão sedenta – a verdadeira alma latina – uivava e lhe aguardava na beira da praia.

Confesso nunca ter visto nada igual em todos esses anos cobrindo eventos de surfe. Slater parecia um astro de rock. Aclamado, adorado, reverenciado, o público, cerca de 7 mil pessoas, em perfeita sincronia com o seu ídolo acompanhou atentamente o passeio do octacampeão sobre Fabio Carvalho e Kai Otto. Fabinho surfou bonito. Kai também mostrou qualidade, mas Slater esteve impecável naqueles 25 minutos mágicos.

Um dia pra ficar gravado em nossas mentes...

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