terça-feira, dezembro 26

Tô indo...


2006 tá indo embora...
E eu vou aproveitar pra pegar uma carona nessa "barca" e também tirar uns dias pra descansar. Chega de trânsito, computadores, reuniões, compromissos, horários, projetos...

Pra você leitor do “Alohapaziada” desejo um 2007 especial, carregado de saúde, conquistas e realizações. E que possamos nesse novo ano que está chegando fazer um mundo mais digno pra se viver...

Eu e o Alohapaziada voltamos em fevereiro!
São só trinta dias e eles passam rapidinho.

Ps:
O boletim pelo telefone (48) 3028 9494 segue rolando diariamente direto das praias de Garopaba, Imbituba, Laguna e Farol de Santa Marta... É só ligar para saber como está o tempo e o mar por lá...

Ah! A ligação é grátis!

sexta-feira, dezembro 22

Para todos nós...

Que bons ventos nos tragam saúde, paz e justiça em 2007!

E que assim seja...

quinta-feira, dezembro 21

O guia do surfe vem aí...


Se viajar faz parte da natureza humana, então, pelo quinto ano consecutivo estaremos lançando nos próximos dias, início de janeiro, mais uma edição do Surf Guia Brasil. Uma lista ilustrada de praias surfáveis do litoral catarinense produzida em três idiomas: português, inglês e espanhol.

De Itapema do Norte, na divisa com o litoral do Paraná, até Passo de Torres, na divisa com o litoral gaúcho, tudo foi checado. Mapas rodoviários, acessos, ondulações, ventos, tamanho médio diário das ondas e o crowd. Também uma relação de shapers, serviços emergenciais e de onde comer e dormir.

A maioria das fotos é de autoria do Basílio Ruy (Fluir). Outros fotógrafos também colaboraram, destaque para Iran Garcia, Marcelo Mancha, Luciano Saraiva, Clóvis Albano, Everton Luis e Plínio Bordin que cederam imagens de ondas clássicas quebrando ao longo do litoral barriga-verde.

A parte gráfica, designer e visual ficou por conta da Officio Comunicação. Já os textos sobre as condições de cada praia foram pesquisados há algum tempo e atualizados. Você vai encontrar o guia nas surf-shops locais e bancas de todo sul do país.

Tudo bem mastigadinho...

terça-feira, dezembro 19

Na onda do Rio Canoas...

Fernando Moniz faz parte das primeiras gerações do surfe brasileiro. Carioca, trocou o Rio de Janeiro pela então pacata Floripa em meados da década de 70 na busca de paz e de sossego que já não encontrava na cidade maravilhosa.

Em Florianópolis com ajuda de amigos desbravou praias, curtiu ondas vazias e inclusive deu nomes a alguns picos. O Lambe-Lambe, uma direita que quebra em condição de point-break no norte da Ilha, foi batizada num dia de grande swell de leste. As ondas lambiam o costão e marchavam alinhadas até a beira da praia, conta.

Durante muitos anos Marreco viveu intensamente o surfe pelo litoral de Santa Catarina. Um verdadeiro fissurado. Morou um bom tempo em Itajaí e dividia as ondas da Atalaia com seu amigo Lars, mas fixou residência na Barra da Lagoa e teve a oportunidade de curtir as lendárias direitas antes da construção dos molhes de pedras.

Porém, com as recentes mudanças no astral da cidade, e o conseqüente crescimento da violência, Moniz vendeu seus imóveis, acabou com sua escolinha de surfe e resolveu que já era hora de buscar novas paisagens e numa espécie de auto-exílio mudou-se novamente de mala e cuia para Urubici – no meio oeste catarinense.

Mas como ficar longe do surfe? Fissurado por ondas e com muita água salgada nas veias, Marreco encontrou uma marola clássica no rio Canoas que passa próximo a sua casa e hoje divide o seu tempo entre uma “caída” no rio e seu restaurante Taberna do Marujo onde é o chef. O crowd aqui se resume a algumas vaquinhas no gramado, brinca.

As imagens abaixo são do videomaker André Tassinari que esteve na cidade serrana de Urubici – uma das mais frias do Brasil, no início de novembro na companhia de seu camarada Yuri Castro. Foi um encontro de gerações “na onda” do Rio Canoas...

Vá visitá-lo. A diversão é garantida...


sexta-feira, dezembro 15

Tudo o que havia a ser dito...

Dizer mais o quê dessa final inacreditável no Pipeline Master 2006. O fdp (no bom sentindo...) do Marreco! já colocou no seu blog.... Agora tudo o que for dito é chover no molhado...

Como foi bom ver Slater perder, hein?
Um prenúncio de 2007 fantástico...
Ou você leitor acha que Slater vai engolir assim, fácil, essa derrota acachapante...

A “secação”por aqui foi grande...

Para alegria dos “Galos da Zimba” que ficaram a ver navios durante a etapa brasileira do Tour sem a presença do todo poderoso...

Que venha Snapper, Bells, Teahupo, Cloudbreak, La Jolla, Trestles, Lacanau, Hossegor, Mundaka, Vila e o Pipeline Master 2007...

Slater X Andy Irons?
Quem leva no ano que vem?

Façam as suas apostas...

quinta-feira, dezembro 7

Ainda nessa onda revival...


A foto aí em cima é de um momento ímpar do surfe carioca. Foi tirada em meados dos anos 70 nas areias de Ipanema no Rio de Janeiro. O Brasil respirava o ar pesado vindo da revolução de 64, do governo militar, da ditadura e do AI-5... O pier era um emissário submarino que a prefeitura carioca construíu para levar o esgoto da cidade até o alto-mar. As areias recolhidas pelos tratores formavam dunas.

Virou o ponto de encontro dos mais descolados, e onde tudo ou quase tudo era permitido. Famosos, anônimos, se misturavam aos surfistas, artistas, poetas, músicos, políticos, numa verdadeira “Torre de Babel” num mundo à parte. Estávamos no auge da contra-cultura, início do movimento hippie por essas bandas...

Nela aparecem Zeca Proença, Vandherbilt e Pepe Lopes. E quem quiser conferir outros momentos congelados daquela década e saber um pouco mais sobre o que significou o Píer para os cariocas basta clicar aqui.

Mas, como eu ia dizendo, sempre quando escuto, leio, ou mesmo vejo algo sobre o Vandherbilt, logo me vem a cabeça um episódio inusitado e até, por que não dizer engraçado, desse que foi um dos melhores “fazedores de pranchas”...

Vandherbilt trabalhava na Mar Cristal. Foi lá que eu o conheci, um pouco antes de falecer, no início dos anos 80 num acidente no trecho sul da BR 101, quando retornava para sua casa em Garopaba após uma semana puxada aqui na ilha.

Requisitado por 9 entre 10 surfistas brasileiros, Vandherbilt era uma máquina... Com ele não tinha tempo ruim. Chegava cedo na fábrica e só parava a produção quando os braços já não agüentavam mais.

Tive a oportunidade de vê-lo shapeando 10 pranchas ao mesmo tempo. Isso mesmo! 10 pranchas produzidas simultaneamente. E o mais incrível, ele shapeava ao ar livre. Não tinha essa de sombra, de meia luz... O sol do meio-dia era o seu guia. Realmente, dentro da fábrica (um grande e velho galpão), o calor era mesmo infernal.

Nas mãos a plaina sempre ligada a uma enorme extensão plugada na tomada. Ele nos divertia com a sua velocidade e precisão!(?) Na primeira passada tratava logo de baixar as bordas. Depois, em sentido contrário, desbastava todas as outras bordas. Na seqüência, fazia os fundos e quando todos já estavam prontos, ajeitava os blocos nos cavaletes e finalizava o dome-deck. Tudo ao mesmo tempo!

Louco ou um gênio? Vandherbilt apurou o seu instinto na arte de shapear com o auxilio da luz do sol, e suas pranchas eram objetos de desejo mundo a fora...

“Tá tudo certo”, dizia ele com um sorriso no canto da boca, empilhando mais uma série de blocos...
Vai entender...

Em tempo de Pipeline Masters...

Pipeline Masters o mais novo filme de Stacy Peralta.
Olha aí...

terça-feira, dezembro 5

Sem cordinha...

Peter Cole - Waimea Bay '67

... “A cordinha me irrita mais que tudo. Eu me recuso a usar cordinha! Criou essa coisa de quantidade. Os caras dropam no rabo da onda, voltam pro outside, pegam outra, voltam e pegam mais uma. E eles sentam no inside, então quando uma série aparece, eles todos largam as suas pranchas, ficando sempre no caminho. Se eles não tivessem uma cordinha, não estariam sentados no inside! Muitos deles, se quebram a cordinha, precisam de ajuda para sair do mar! Eu acho que a cordinha arruinou o surf. Em Sunset, você não precisa de cordinha, e tem vários caras que não usam para surfar lá. Michael Ho, Derrick Doener, Bredan Shea e Guy Pere. Nos dias pré-leash, todo mundo sabia nadar, mergulhar e pegar jacaré. Se você conseguisse mergulhar 30 metros e segurar o seu fôlego por dois minutos o que é uma vaca de 20 segundos? José Angel nunca se preocupou com as vacas porque ele era um mergulhador de primeira. Buzzy Trent, Pat Curren, Rick Grigg – todos ótimos mergulhadores e nadadores. A etiqueta do surf não melhorou durante os anos. Eu não sei nem mais se alguém sabe que a pessoa que fica em pé primeiro ou dropa mais deep tem direito àquela onda. Eu não entendo esses caras. Eles não prestam atenção. Você os vê rabeando e estragando a onda dos outros. É triste! Normalmente os melhores surfistas são os mais educados dentro d’água”...

Peter Cole, pioneiro no North Shore nos anos 50 em entrevista para a revista Fluir de novembro. 75 anos surfando sem cordinha...

domingo, dezembro 3

A privatização da Ilha e a minha estupidez...

Praia Brava de Floripa mudando pra pior!


Eu sou um ignorante porque não consigo ver como o turismo pode ser bom para a Ilha de Santa Catarina. Sou um tanso porque, ao mesmo tempo em que não tenho nada contra os turistas nem contra quem vive (ou tenta viver) honestamente da atividade em Florianópolis, sou incapaz de entender as aberrações que são permitidas na cidade e justificadas por que fomentariam o turismo.

Sou mesmo uma besta porque concluo que o turista vem para a Ilha em busca de belezas naturais e acho que isso não combina com aquele desmatamento gigantesco que ocorreu há pouco tempo em Jurerê e que o Ministério Público está investigando. Totalmente banzo, não acredito que as pessoas que vêm passar uma semana na Ilha comprem lotes milionários naquela praia. Nem que os destruidores daquela área ou os compradores de casas, apartamentos – sei lá o que vão inventar lá –, venham a gerar um emprego sequer no local.

Sou um abobado por desconfiar que, além de colar papelzinho no Arante, a grande maioria das pessoas que vem curtir Florianópolis quer ver é o mar, não mansões à beira dele. Esses turistas, da espécie que em grupos de 10 aluga casa na Lagoa, querem poder chegar à praia sem ter que invadir qualquer propriedade privada.

Sou um demente porque vivo batendo na tecla de que o que aconteceu na Praia Brava foi um desastre gigantesco, um prejuízo para todos, menos para os dois ou três empresários que ganharam e continuam ganhando dinheiro vendendo apartamentos cafonas, com nomes estrangeiros, que eles e os compradores nem sabem o que significam.

Os cinqüenta ou cem (sub) empregos gerados não explicam a atrocidade que representou a destruição total daquele lugar maravilhoso, que era meu, que era dos turistas, que era de todos nós e que agora é de meia dúzia de três ou quatro.

Sou um maníaco porque dei para rogar pragas e desejar que a próxima ressaca arranque aquela piscina que botaram lá, agora, quase dentro do mar. Aí, ao mesmo tempo, o panaca aqui vê que os caras que um dia autorizaram toda essa maldade, fecharem os estacionamentos da Praia Mole porque estes estariam (e até acho que estavam mesmo) crescendo demais. E querem também derrubar aqueles butecos e tudo.

Sou tão imbecil que até concordaria com o fim dos dois ou três butecos e também dos estacionamentos, se fechassem ao mesmo tempo os butecos, boates, sei lá, toda aquela nojeira da Praia Brava. Na minha mediocridade, tenho certeza que tem alguém muito espertalhão por trás dessa “utilização da lei” na Praia Mole, alguém de olho naquelas terras tão valiosas em frente ao mar, excepcionais para se por prédios, um “chateau de la mer” ou um “beach village”, quem sabe.

Sou um panaca porque rio quando lembro que o Sufoco, aquele bar lá do Campeche, foi derrubado pela Prefeitura e, enquanto isso, o Bar do Pirata continua a toda na Brava. (Do jeito que a praia está sumindo por não ter mais as dunas que lhe equilibravam a quantidade de areia, daqui a pouco neguinho vai poder mergulhar no mar direto da mesa do bar-palafita). Me digam por favor, respondam a esse bitolado aqui, qual é a diferença entre a os dois butecos, o do Pirata e o do Sufoco? A condição financeira dos donos? Ah, tá, agora entendi.

Alguém aí me dá uma luz e me explica quem é mais predatório, quem é mais selvagem e ganancioso, o crescimento dos estacionamentos da Mole – onde estacionam pagando, todo o verão, milhões de turistas não tão abonados – ou o constante avanço do Resort Costão do Santinho sobre o costão, restinga, dunas, todas aquelas áreas que eram públicas e que agora são de um punhado de milionários?

Nisso tudo, o meu espírito de porco só consegue enxergar pesos e medidas diferentes usadas com o único objetivo de se sepultar esta ilha sob uma lápide de concreto armado. No epitáfio, em letras coloridíssimas, ficará registrado: “Santa Catarina Island Resort Residence. Keep out”.

Texto extraído do blog do Pierre Alfredo.