domingo, abril 29

Aí comandante, cabe mais uma aí?

Já que os dirigentes que comandam associações de praias e demais entidades de surfe pelo Brasil estão preocupados somente em realizar campeonatinhos meia-boca de fim de semana, dando de ombros para situações mais complicadas envolvendo surfistas e tudo que gira ao seu redor, alguém tinha que botar a mão na massa e resolver um problema já bem antigo, principalmente para quem viaja...

O Advogado e surfista gaúcho Paulo Magalhães comprou a bronca e agora aguarda da ANAC a liberação da taxa de transporte de pranchas de surfe junto às companhias aéreas.

Ao que tudo indica vai sobrar uma graninha a mais na sua próxima surf-trip...

Leia mais no Tracks
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sábado, abril 28

Em primeira mão...

Adriano, proprietário da Maresia, já deu sinal verde. Bira Schauffert promotor de eventos procurou então o prefeito Volnei Morastoni, que curtiu a idéia e resolveu abraçar um projeto inédito para a cidade de Itajaí e confirmou de 16 à 21 de outubro desse ano a realização de mais um QS seis estrelas em águas catarinenses.

É isso mesmo. Depois de receber alguns dos melhores surfistas do mundo durante o verão na praia do Santinho para as disputas do Costão Pro, os surfistas que disputam a divisão de acesso vão voltar para mais duas etapas, já que também está garantido o Santa Catarina Pro, na Prainha em São Chico.

Tem tudo pra ser um ano espetacular para o surfe catarinense. Uma etapa quatro estrelas: Santa Catarina Pro. Mais duas seis estrelas: Costão Pro e Maresia Surfe International Pro, isso sem falar no CT em Imbituba no mês de novembro.

Quem deve estar rindo à toa é a moçada do litoral norte Barriga Verde. James Santos, Sidnei Orsi, Thiago Machado, Mickey Bernardoni e Terence Schauffert... Vão poder conferir na praia Brava de Itajaí (foto) surfe de ponta no quintal de casa. Vai ser só abrir portas e janelas e da varanda assistir o show...

A contagem regressiva já começou!

sexta-feira, abril 27

Catarinenses pelo mundo...

Tirei a tarde de ontem para conferir pela internet a participação dos catarinenses nas competições pelo mundo. E o dia não foi nada bom... No Tahiti, Ricardo Santos, local da Guarda do Embaú, não conseguiu avançar nas triagens do Von Zipper Trials. Surfista da novíssima geração, Ricardinho de apenas 16 anos se destacou na sua primeira temporada no Hawaii. Pelo prêmio de botar pra baixo nas pesadas ondas havaianas, fechou com a Billabong e de quebra recebeu convite para participar das triagens do evento mais cascudo do ano. Valeu como experiência.

Davi Jesus, Neco e Jean da Silva estão na Escócia. O Ilhéu Davi Jesus após fazer a final da Seletiva Petrobras na Joaca, embarcou de mala e cuia, empolgado, para correr algumas etapas do WQS. Nessa em Trurso ele não arrumou nada. Outro que também já está fora é o cabeção. Neco, segundo informações, não apareceu para competir na 24ª bateria da segunda fase. Aguardamos maiores informações sobre o seu W.O.

Jean da Silva foi o único que conseguiu avançar para a terceira fase. Nas geladas ondas, em torno de 6ºC, de 1,5m, Jean passou em segundo na sua bateria vencida pelo inglês Russel Winter, para perder na seqüência do O’neill Highland Pro.

Michel Flores de Balneário Camboriú foi outro que esteve em ação. No Body Glove/Jeep Surbout disputado em Trestles, San Clemente, Califórnia, etapa 4 estrelas do qs que atraiu poucos surfistas de outros países. Somente americanos, alguns havaianos e mais uma dúzia de mexicanos. Michel, único brasileiro inscrito, entrou direto na terceira fase, finalizou em 4º lugar na sua bateria atrás de três yankees desconhecidos.

segunda-feira, abril 23

Se a moda pega, hein?

Se a moda pega, hein? O outside com certeza vai ficar, digamos, muito mais divertido...

Ta lá no blog surf 30. Imagem de uma campanha publicitária de uma marca de roupa de borracha chamada “Radiator Wetsuit”, intitulada "Improve your flexibility"...

Aproveitando essa imagem e já que a grande maioria de nós afirma que não existe nada melhor que surfar...

A pergunta que fica é: Surfe ou Sexo?

terça-feira, abril 17

Surfando para sempre...

uma de suas fotos clássicas

Tito Rosemberg é um cara que eu gostaria de conhecer. Desde moleque leio sobre suas aventuras em viagens pelo mundo. Há alguns anos atrás encontrei num sebo, no centro da cidade, seu livro “Cammel Trouphe em Bornéu” que narra sua experiência e participação nesse evento off road. Comprei o livro na hora. Também tive oportunidade de ler algumas de suas entrevistas em revistas. Uma crônica sua publicada numa das primeiras edições da Fluir me chamou atenção. Era sobre uma praia de Búzios. Nela, Tito comentava sobre a sua enorme tristeza em ver a sua Geribá “desaparecer” em função da especulação imobiliária.

Tito Rosemberg é de longe o surfista brasileiro mais viajado do país. Sempre com algo a dizer. Sempre com um causo para contar, uma experiência para passar. Tenho certeza que um dia ainda vamos nos encontrar por aí e trocar alguns dedinhos de prosa...

No texto abaixo ele nos oferece mais uma de suas preciosidade.
Leia!
Afinal, que lê viaja...


“Surfando para sempre”

Quanto mais encontro surfistas de longa data, mais percebo o que todos tem de similar: o amor pelas ondas não os impede de ter outros interesses na vida.

Um dos mais antigos surfistas e shapers americanos, Bob Cooper, que vive na Austrália desde 1969, e com quem tive o prazer de viajar pela Europa em busca de ondas, disse que surfar para ele era uma situação menor, e que outros interesses o mantinham atento e atualizado. Outro mito da história do surf, o californiano Mickey Dora, que hoje vive em Guethary, na França, também já disse a este respeito que “quando tem onda eu sou surfista, quando não tem onda eu faço outras coisas”.

Não há nada mais importante na vida de uma pessoa do que diversificar seus interesses. E não há nada mais triste do que um surfista brocha porque as ondas não estão acontecendo.

Se o amor pelo surf torna-se a única razão para viver, corremos o risco de não deixarmos abertas as “portas da percepção”, e com elas fechadas paramos de aprender. E se não aprendemos mais nada, estagnamos, nosso espírito morre, mesmo se nossos corpos continuam aí, dirigindo carros ou empresas, como se estivéssemos vivos.

Acho que as pessoas verdadeiramente educadas nunca se formam, pois estão em constante estado de aperfeiçoamento e nunca receberão um “diploma”. Pegar onda muito bem, e todos os dias, pode ser apenas uma fase da vida.

Os verdadeiros “soul surfers”, ou surfistas de alma, não param nunca. Podem até pegar onda apenas algumas vezes por ano, mas nunca entregam os pontos, nunca “encaretam”. E nesta longa trajetória que venho percorrendo, com 36 anos de surf nas costas, venho percebendo com tristeza que muitos surfistas excepcionais, verdadeiros talentos, desaparecem das ondas depois de uma época.

Quando comecei a surfar, poucos brasileiros continuavam praticando esportes depois de entrar na universidade ou casar. Anos depois, morando na Califórnia, notei pela primeira vez que pessoas com 40, 50 e até 60 anos de idade, continuavam pegando onda, mesmo sendo obrigados a usar roupa de borracha, o que torna tudo mais cansativo. No Brasil de então deveria haver uma meia dúzia de gatos pingados que continuavam surfando depois dos 40.

Como até hoje pouco mudou nas praias brasileiras, acho que para nós tudo era competição, e que para a imensa maioria dos meus companheiros de areia e onda, quando não tínhamos mais chances de sermos campeões mundiais, ou pelo menos ser o melhor de nosso “point”, partíamos em busca de outros esportes como asa delta ou vela, gatas, casamento, família e bons empregos. E que tudo isso envolvia abandonar a praia, as ondas, os velhos amigos do pôr do sol, e recomeçar tudo de novo, pois agora “já havíamos crescidos”. Que bobeira!

Porque a universidade nos impede de surfar? Porque o casamento tem que ser o fim da praia com os amigos? Porque o emprego fixo significa não mais continuar na busca da onda perfeita? Porque não pegar onda casado, com filhos e interessado em outras atividades e trabalhando sério?

Depois de muitos anos de praia, temo que para muitos de nós dentro do mar, pegar onda seja apenas um ritual de passagem, uma atividade que se faz durante uma época restrita, entre a adolescência e o mundo adulto. Que desperdício e que tôca!

Em outros países pega-se onda mesmo com 80 anos de idade. Na ilha de Jersey, na Inglaterra, fui juiz de um campeonato de surf onde havia uma categoria só para aqueles que haviam começado a surfar depois dos cinqüenta anos de idade, e como os coroas curtiam! Na praia os garotinhos encorajavam os velhos competidores gritando: “Dá-lhe vovô! Vamos lá vovô! E eram todos netos de verdade dos surfistas que faziam suas manobras na água congelante do Canal da Mancha.

Na Califórnia, na Inglaterra, na França ou na Austrália, em qualquer dia de onda pequena ou grande, muitos, se não a maioria dos surfistas, são caras com mais de 40 anos de idade, com família, trabalho e responsabilidades mil.

Qual a diferença entre eles e nós brasileiros?

Acho que nós somos muito exibicionistas, e que só nos interessa pegar onda enquanto podemos impressionar nossos amigos ou as gatas na praia, ou enquanto temos chance de sermos campeão de alguma categoria. Uma vez que nossa competitividade esbarra com a realidade de que a maioria de nós nunca vai ganhar nem uma bateria, quanto mais um campeonato (eu, por exemplo, nunca ganhei nada, mesmo depois de mais de 3 décadas de ondas), perdemos o tesão, nos desinteressamos e partimos em busca de novos desafios. Bobeira!

O surf pode ser praticado até o último dia de nossas vidas. Aliás, o verdadeiro surfista deve continuar surfando, mesmo se a barriga atrapalha, ou se os braços já não são os mesmos, pois assim provamos ser verdade todo o tesão que dizíamos sentir quando pegávamos onda aos 15 anos de idade, e tentávamos fazer aquelas manobras então consideradas impossíveis.

Dentro d’água, temos que nos esquecer se estamos branquelos, não podemos levar em conta o fato de estarmos fora de forma, se nossa prancha não está na moda, ou se temos que ir para a praia com nossas mulheres e filhos.

Brasileiros adoram desafios, talvez até demais. Quem sabe nos faria um pouco de bem deixarmos de sermos tão exibicionistas e começarmos a surfar com a alma, mais do que com nossos músculos?

Hoje, quando encontro um jovem super empolgado, que só fala, pensa e faz surf, não consigo deixar de perguntar-me: até quando vai durar a paixão dele? Até o primeiro emprego? Até entrar na universidade? Até casar? Até os filhos nascerem?

Na vida não há nada mais gostoso do que a experiência. E quem permanece fiel aos ideais da juventude não corre o risco de estagnar, mas sim de evoluir. O espírito da descoberta é o verdadeiro remédio contra a caretice, a velhice azeda e o mau humor dos adultos.

Aldous Huxley, escritor e filósofo inglês que influenciou toda uma geração, já resumiu tudo numa só frase: “O segredo do gênio é levar o espírito da criança até a velhice, o que significa nunca perder seu entusiasmo”.

Amém!

Vai lá: Tito Rosemberg

segunda-feira, abril 16

Eu amo aquela solidão...

..."Surfem! Não pelo dinheiro ou pelos patrocínios, mas por amor a esse esporte lindo. O surfe é saudável, estamos em contato com a natureza e seus efeitos positivos. Cuidado com o sol. Não pratiquem o localismo violento. Ensinem aos mais novos a respeitar e tentem ser menos agressivos. Quando o mar passa de 10 pés, dá até saudade do crowd, porque nesses dias os locais e surfistas invasores ficam doentes ou estudando para as provas da faculdade. Eu amo aquela solidão"...

Evaristo “Kiko” Ferreira, vencedor do prêmio “Greenish a maior onda do Brasil” ao surfar uma morra em Itacoatiara, Niterói, no Rio de Janeiro, em entrevista ao Drop 74.

quarta-feira, abril 11

É a mais pura verdade!

Nem adiantou voar. Ele perdeu e pronto. O que eu posso fazer?
Não sei o que dizer e nem me pergunte como, mas lá estava eu escalado. Engraçado. Mas porque eu? Mesmo agora, no meio da tarde do dia seguinte, enquanto tento me lembrar de novos detalhes, ainda não tenho respostas. O certo é que o meu nome aparecia na relação de baterias válidas pelas oitavas de final de um internacional qualquer na praia Mole.

E eu não teria moleza, afinal meu adversário era nada mais nada menos que o octacampeão mundial. Isso mesmo eu teria pela frente Kelly Slater. Havia pouca gente na praia. O dia estava começando, o sol aparecia tímido entre as nuvens e, na praia, pouca gente acompanhava as disputas. Quando meu nome era anunciado pelo locutor, alguns amigos apareceram do nada para me dar aquela força. Peguei a lycra no palanque e, enquanto me preparava passando o raspador na prancha, Slater passou e me acenou com a cabeça e com ar contido. Não percebi nenhuma rivalidade, mesmo porque, pra mim, tudo era surpresa, uma novidade inacreditável. Como é que eu havia chegado ali?

O mar estava com ondas pequenas que não passavam de 1 metro, predominavam direitas, bem alinhadas. Enquanto caminhava pela praia procurei pela minha família e apenas num rápido flash vi minha mulher sentada embaixo de uma barraca ao lado de uma menina, de pele morena, devia ter uns 20 anos. Era a namorada do “homi”. Não sei como mas as duas pareciam se conhecer de longo tempo. Aquilo me chamou a atenção. “Ué! Porque as duas estão juntas ali? Nem sabia que elas se conheciam!”.

Aí, fui pra água e abri o confronto com uma onda curta que me valeu uma nota 4 e pouco. Pois o Kelly veio na onda de trás manobrando no seu melhor estilo e fez um 6 e qualquer coisa. Minha segunda onda apareceu na seqüência. Um drop tranqüilo, a virada, uma batida limpa, e mais outra na junção. Minha nota foi um 6 e alguma coisa. A partir daí as ondas sumiram como num passe de mágica. O mar ficou totalmente flat. E lá fora ficamos nós, eu e o “Oito Vezes”, esperando por nada. Eu não podia acreditar. Estava fazendo a mala do cara mais idolatrado do mundo do surfe, contando os minutos, segundos!

Mas, de repente, uma nova e boa onda surge. Ele se posiciona e eu o vigio na sua remada. Lá de fora vejo sua série de manobras de incrível controle e velocidade jogando muita água para todos os lados. Mas ele não contava que aquele era o meu dia de sorte, e simplesmente do nada, surgiu uma direita tubular, perfeita, vindo em minha direção.

A água estava clara, agradável, o mar liso, e depois de chegar na base atrasado, encaixei no trilho e andei por alguns milésimos de segundos lá dentro. Incrível. Sensação única. Sabia naquele momento que havia vencido e que passava a fazer parte do pequeno grupo de privilegiados, daquela meia-dúzia de dois ou três surfistas, que já o venceram. Ao sair da água, atônito, mal tive tempo de lhe implorar desculpas e dizer que foi sem querer!

Acordei adrenalizado, com o coração a toda. O relógio ao lado da cama marcava 5h46. Já era hora de levantar, lavar o rosto, escovar os dentes, trocar de roupa, entrar no carro e me jogar pra praia, para mais um dia de boletim no rádio. Ainda deitado, me recuperando de todo aquele clima, fui obrigado a acordar a minha mulher: “Vanessa, eu venci o Isleiti”, falei. No que ela me respondeu com a voz rouca de sono. Tá bom, tá bom, agora dorme mais um pouquinho que ainda é cedo...

segunda-feira, abril 2

Onda proibida?


Essa onda é sem dúvida objeto de desejo de muitos marmanjos. Porém foram poucos, pouquíssimos, que tiveram a oportunidade e o privilégio de remar até o outside, botar pra baixo e sair manobrando sem parar, até cansar as pernas nessas esquerdas. Ano após ano, esse tal de localismo, continua impregnando nessa praia e dessa forma atrasando a evolução dos próprios locais.

Murilo Graf não está nem aí para essa história de localismo. Faz parte da primeira geração do surfe Barriga Verde e ainda garoto, na época da escola, entre uma aula e outra, “liberou” o pico pra quem não o conhecia através dos seus traços.

Artista plástico com obras espalhadas por todos os cantos do planeta, Murilo segue sua vida entre inúmeros desenhos, esculturas, pinturas e muitas ondas. E quando tem tempo livre está na água se divertindo.

Uma dica pra quem está pensando em encarar essa onda proibida. Passa na casa do cara e leva ele junto na barca. Ele tem o Green Card...