domingo, março 2

Madruagada monitorada...

E não é que consegui ficar acordado até altas horas da madruga nesse sábado para acompanhar o duelo dos brasileiros direto lá na Gold? E pelo que pude ouvir pela transmissão dos homis de microfone na mão, mais de uma montueira de surfnautas também abandonou os embalos de sábado a noite para conferir os pegas da terceira fase.

Enquanto me ajeitava na cadeira em frente ao micro e preparava um lanchinho para segurar o cair da madrugada, me divertia às risadas com as mensagens encaminhadas para os “louco-tores”, os irmãos Eduardo Orelha e Guto “assassinaram a gramática” Amorim, tendo ainda o santista Piu Pereira nos comentários e a participação mais que especial do Renato “Livramento” Hickel.

Entre um biscoitinho e outro, gostei de ver o surfe do babaca, otário, marrento (segundo o texto do Guaraná na última Fluir) do Dean Morrison contra o queridinho da mídia gringa, Dane Reynolds. Que o galego surfa bem, disso não tenho dúvidas, mas ainda falta-lhe tática de competição. E isso só virá com o tempo. Enquanto Reynolds perdia preciosos minutos escolhendo ondas como se estivesse numa session de free-surf, Dean acelerava e verticalizava em todas as marolas que apareciam a sua frente.

Em seguida o outro estreante no WCT não deu mole pro azar. Jordy Smith atropelou sem dó nem piedade o californiano-mexicano, ou seria mexicano-californiano Bobby Martinez? Jordy definiu a bateria com duas direitas espetaculares alcançando notas altíssimas. Ambas acima dos 9. Assim, fácil, simples. O que todo mundo espera de um top da ASP: Em cada onda várias enxadadas. E onde passava o bico da sua prancha, passava também a rabeta numa seqüência impressionante associada a uma velocidade absurda e precisão cirúrgica. O bonito back-side do careca não foi páreo para o front-side do Smith. Bobby pegou o caminho de casa de combi.

As longas direitinhas que até então rolavam com boa formação nas baterias anteriores tinham que desaparecer logo no embate dos dois brasileiros? Acho que não só eu, mas muita gente não gostou nadica de nada do que viu pela net.

Que pobreza de surfe apresentado pelos dois brasileiros. E que enorme oportunidade perdida por ambos. Caso estivesse sendo cobrado ingresso do grande público presente, o valor teria que ser devolvido na integra. Muita gente iria denunciar ao Procon. Aliás, um crowd infernal invadiu o pico. E tava apinhado de brasileiros com cangas coloridas e bandeiras brasileiras nas mãos em ritmo de carnaval fora de época.

Mas como ia dizendo, a bateria foi de pouca, ou quase nenhuma emoção. A coisa demorou pra esquentar. Se é que esquentou. A primeira onda foi do Léo. Não teve nada demais e valeu os 6,17 dado pelos juízes embora com as reclamações dos surfnautas pra cima do quadro de juízes. Neco caiu em sua primeira tentativa e somou apenas 1,00. Léo verticalizou em sua segunda onda, embora sua prancha tenha ficado um pouco presa na espuma. E não é que essa onda 7,83 acabou sendo a melhor do tão aguardado encontro.

Neco bem que tentou dar o troco e voltar para o jogo. Numa onda da série, o Cabeção aplicou suas já características rasgadas. Foram cinco na seqüência. Todas jogando bastante água pro alto. Porém, Neco, continua sendo muito previsível, utilizando muito o fundo da prancha. O catarinense precisa, urgentemente, renovar o seu repertório de manobras para o decorrer do Tour. A vida será dura se mantiver a sua performance focado apenas nas rasgadas de front. Os juízes avaliaram como uma onda apenas razoável: 5,83. O tempo passava rápido e nada de uma nova série apontar no outside.

A essa altura o sono já se manifestava. Mas ainda faltavam 12 minutos. Quem sabe algo poderia acontecer? Enquanto os dois aguardavam pacientemente pelas ondas posicionados muito no fundo, enquanto as ondas em função da maré quebravam mais no inside, o pessoal da transmissão mostrava imagens do evento. E dá-lhe cenas do helicóptero, do público na praia, do palanque. Chegaram inclusive a dar um replay na melhor onda do Dane Reynolds, só porque ele estava sendo entrevistado junto a turma do Bush.

Já nas últimas voltas do ponteiro, Neco resolve remar para próximo das pedras. Numa onda da série aplica um floater e quando parte para a segunda manobra, cai de forma inexplicável. Neco ainda remou em mais uma onda e veio em outra que surgiu lá fora. Ao tentar um lay-back e na sequência empurrar a rabeta contra o lip, desequilibrou-se. Não deu. Léo agora aguarda Mick Fanning no próximo encontro e terá que surfar acima da média pra conseguir alguma coisa.


Pois mal a sirene soou, lá veio o endiabrado Mick Fanning num ritmo impressionante surfando em menos de quatro minutos duas ondas high-score 7,00 e 8,50 e marcando incríveis 15,50 contra o novato a atônito Julian Wilson.

Fui dormir com uma sensação estranha. Me perguntava se havia faltado boas ondas ou atitude na bateria entre os dois brasileiros. Enquanto Mick, voltava para o outside carregado pelo jetski, resolvi desligar o meu computador. O resultado dessa bateria eu já sabia!

3 comentários:

Anônimo disse...

Foi sofrido demais assistir a bateria dos brazucas depois da bateria do Jordy. O mar mudou tanto em cinco minutos? O Mick pegou aquelas duas logo no início da bateria dele, recem encerrada a dos brasileiros!!! Diego Gobatto

Anônimo disse...

Concordo em gênero, número e grau. Aguentar manobretas de fundo no WCT não dá! Enquanto isso, no Chile, dobradinha catarina - Ricardinho e Gabi Leite faturaram o Billa pro júnior com um surfe de gente grande. Nas 4as, Ricardinho mandou um 9,75 e um 10 pra cima do adversário. Punta Lobos tava de gala!

Surfe Catarinense disse...

Vi a bateria Leo x Neco com a locução em inglês, o Potter e o Dane Reynolds acharam a nota do Neco "underscored", pareceu mesmo.
O q não justifica nada pq o Slater tbém foi um pouco malhado na final e acabou campeão com sobras.
Tem tanta gente batendo nessa tecla da variedade de manobras do Neco q alguma verdade deve ter, mas... em termos de dificuldade/agressividade nas manobras... não fica devendo nada não.