segunda-feira, abril 26

Esqueceram de convidar o sol

Esqueceram de convidar o sol nesses primeiros dias de campeonato. Sábado, domingo e uma segunda-feira de céu carrancudo. Tá tudo cinza por aqui. Impossível não puxar lá do fundo da mochila uma blusa mais pesada, mais quente, pra se proteger do arzinho frio e dessa umidade que impreguina.

Mesmo com o tempo feio, com alguns momentos de chuva intensa, o público até que apareceu. Gente de vários cantos do País. Fácil perceber pelas placas dos carros estacionados nas ruas próximas da praia. Porto Alegre, Curitiba, Pindamonhangaba, Livramento, Montes Altos, Guarujá, São Paulo e até Urubici. O que estaria fazendo um carro de Pindamonhagaba por aqui? Só o surfe explica...

Cá entre nós, após dois dias a etapa mais esperada do ano ainda não empolgou, embora acompanhar algumas performances no quintal de casa já tenha valido a pena. No 1º round gostei da atuação do Jeremy Flores logo na primeira bateria. O francês se encaixou perfeitamente na vala de direitas e surfou com muito estilo. Jeremy chegou ao Brasil espumando. Sabe que precisa de um bom resultado a qualquer custo para se manter vivo no tour.

No encontro morno entre brasileiros, marcado por poucas boas ondas, Neco (foto Waves) se saiu melhor na contenda. Nas direitas de 1,0 metrão que rolavam pra dentro do canal ele usou e abusou das conhecidas rasgadas de front-side. Basílio Ruy que acompanha o time Oakley e que estava fotografando a bateria me mostrou algumas fotos. Era o Jadson andando no crítico, de cabeça pra baixo, Mineiro voando alto e Neco, bem, Neco rasgando forte e jogando muita água pra fora da onda. Pena que os juízes não querem mais o Neco no tour... Confronto morno? Pode ter sido pra nós, meros mortais, acomodados nos puffs da sala vip. Lá dentro o couro tava comendo.

Taj, Slater e Irons pareciam fora de sintonia. O tri-campeão não é nem sombra do passado. Será mesmo que ele voltou? Se voltou foi em meia carga. Entendeu? 110-220 Wtz. Nenhum deles conseguiu se encontrar nas ondas cheias da Vila. Todos não foram perdoados pela passividade e caíram para a repescagem. Nada como essa tal de repescagem né, Slater? Foi assim também no ano passado na sua arrancada pelo título, lembram?

E quem disse que a nova geração iria incomodar nessa temporada levanta o dedo. Por enquanto ninguém fez por merecer. Nenhuma performance arrasadora em Sanpper, muito menos em Bells. Blake Thornton, Daniel Ross, Brett Simpson (?) quem? Adam Melling, os irmãos Gudauskas, Dusty Payne e Nate Yaomans até agora não arrumaram nada a não ser uma segunda chance na “repescation”. Eles que tratem de ficar de olhos bem abertos porque a “elimination” pode chegar já na metade da temporada.

Uma salva de palmas para o aéreo muito alto do Joel Parkinson, para a versatilidade e pelo surfe original do Dane Reynolds e para a velocidade de back-side do Smith (que no ano passado passou por aqui sem deixar saudades).

De resto, Ricardo dos Santos mostrou superação e me surpreendeu contra um empolgado e matador Tom Whitaker e um desanimado Fanning. Já Tânio Barreto e Messias Félix não têm surfe para competir numa etapa do WT. Gustavo Fernandes também campeão brasileiro, assim como o Messias que o diga.

Na última quinta-feira conversei com o Marco Pólo na Joaquina e ele do alto de sua humildade me confidenciou que está tranqüilo, aprendendo e ainda se familiarizando com o circuito mundial. Disse a ele que na etapa de Snappers a impressão que dava pelas imagens da web é que ele parecia estar surfando de 6’4, com um equipamento totalmente diferente dos demais tops. Ele contou que caiu com uma 5’11 e como sua base, seu centro de gravidade e mais atrás da prancha, ficou a sensação de estar surfando com uma prancha maior. Em Bells não conseguiu se encaixar. Na Vila ainda não saboreou a sua tão sonhada primeira vitória na elite.

Fui embora da praia antes mesmo do sinal sonoro tocar na 13ª bateria. Com quatro flashes do boletim, mais quatro flashes da cobertura do mundial para transmitir via rádio já estava de saco bem cheio daquele oba-oba. Um sofazinho, com uma cobertinha e um nescauzinho quentinho me aguardavam logo ali em Itapirubá.

Amanhã atualizado com a repescagem.

Segunda-feira de dia livre. Não tivemos disputas na Vila. Amanhã, terça-feira será de ondas menores aqui nas praias da região. Pelo andar da carruagem o terceiro round vai pra água na quarta-feira, com as finais na quinta.

Boletins Nas Ondas da Pan com as condições do mar – 7h,9h, 13h15 e 16h
Boletim Cobertura do Mundial – 8h, 10h, 15h e 21h.

É só sintonizar 101.7 no dial.
Tenho dito!

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