Uma chuva fina caía. Aquele não seria um final de tarde qualquer...
Os mais encarnados em surfe, principalmente uma galera das antigas, que acompanhou através de revistas e filmes a cena dos anos 80, teria a oportunidade de conferir pela primeira vez um dos surfistas mais copiados e idolatrados de todos os tempos em ação.
Os mais encarnados em surfe, principalmente uma galera das antigas, que acompanhou através de revistas e filmes a cena dos anos 80, teria a oportunidade de conferir pela primeira vez um dos surfistas mais copiados e idolatrados de todos os tempos em ação.
Depois de rodar o mundo e conquistar por três vezes o título mundial, o “Mestre do Estilo”, mesmo já quase pendurando a cordinha, enfim veio a Santa Catarina competir como convidado em uma etapa do circuito.
O locutor do Onbongo Pro Surfing chama Tom Curren para pegar sua lycra no palanque. O frenesi na praia aumenta e, enquanto eu caminhava sozinho pelo gramado do platô na praia Mole, próximo ao palanque, em busca de um lugar para me proteger do vento sul que soprava forte, pensava no tão fantástico momento que presenciaria.
Uma sólida ondulação de sul gerava ondas alinhadas, rápidas, acima dos dois metros e com as maiores da série fechando. Uma pena. As condições realmente não estavam nada favoráveis.
Em todo o confronto, Tom surfou quatro ondas e a sua segunda foi sem dúvida a melhor. Nela, Curren remou atrasado e despencou com o lip sobre suas costas. Cavou com muito estilo – mostrando as quilhas para quem estava na areia –, subiu com velocidade ajeitando o corpo para rasgar a face da onda e projetar muita água para o alto. Ainda verticalizou sua prancha com duas belas batidas, finalizando no inside com um snap-back perfeito.
Durante toda a bateria um imenso silêncio se apoderou da praia. Pude perceber que ninguém se mexeu. Todos estavam voltados para o mar. Praticamente o Tempo, assim mesmo, com “T” maiúsculo, parou. E ao sair do mar, classificado em segundo atrás do havaiano Pancho Sullivan, Tom foi aplaudido por todos.
Tenho certeza que os aplausos não eram somente por sua performance. Na verdade o público queria mesmo é, de alguma forma, retribuir tudo que Tom Curren representa para o surfe. Valeu a pena ter esperado todos esses anos.
Aquela bateria fechou o segundo dia de disputas e, saindo da praia, no caminho até o estacionamento, eu pensava em tudo que acabará de assistir. Contente por ter acompanhado mais um fantástico momento da história do surfe.
Foi como estar no Maracanã e ver Pelé marcar seu milésimo gol. Foi como assistir Magic Johnson voar para uma de suas cestas maravilhosas. Um astro, uma lenda.
De certa forma me senti um privilegiado. No dia seguinte as ondas baixaram, pioraram e Curren perdeu... Mas isso já é outra história.
Nota: Tom Curren é Surfigueira!
2 comentários:
e eu sempre pensei que o cara era Havaí...
Abrazzo
Julio
Parabéns! Já guardei nos favoritos!
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