sábado, maio 23

Ricardo na Hardcore

Tenho profunda admiração pelo shaper Ricardo Martins embora nosso contato seja superficial. Conversamos algumas raras vezes. Estivemos mais próximos, durante o Brasil Surf Renner, um campeonato realizado no verão de 91 na praia gaúcha de Torres e depois de muito tempo, durante minha passagem rápida pelo Rio de Janeiro junto com o fotografo Basílio Ruy quando da produção do Surfe Guia Brasil há uns anos atrás.

Acho o Ricardo um cara comedido, na dele, discreto. De longe acompanho a sua trajetória desde da época da finada Hidro Jet – primeira marca em sociedade com o amigo e também shaper Joca Secco, sócios na Wet Work.

Em meados da década de 80 e início de 90, Ricardo Martins e Avelino Bastos dividiam os holofotes e as opiniões de quem era o melhor shaper do País. Assisti algumas discussões acaloradas entre surfistas da época.

Se a Tropical Brasil tinha em Teco o seu principal piloto, no auge da forma, entre os tops do mundo competindo nas etapas da ASP, do outro lado as pranchas shapeadas pelo carioca estavam nos pés de dezenas de surfistas de ponta que dominavam os pódios Brasil afora.

As performances de Renatinho Wanderley, Danilo Costa, Pedro Muller, Guilherme Gross, além de um trabalho de base, consistente e vitorioso com o cabofriense Victor Ribas impulsionavam as vendas das RM, sonho de consumo de cerca de 99% dos surfistas brasileiros.

Lembro do Avelino Bastos ter ganho por seis vezes consecutivas o Prêmio Fluir, numa pesquisa promovida anualmente pela revista com os votos dos leitores. Para os seguidores do shaper carioca aquilo era uma afronta.
(Alejo venceu hoje no Atalaia com uma RM)
Tudo isso pra dizer que ao ler a nova edição da Hardcore (já nas bancas) uma reportagem feita com algumas personalidades sobre como vai estar o surfe daqui há 20 anos, Ricardo conseguiu em poucas linhas deixar a sua mensagem. Foi o único deles a comentar sobre a situação e a poluição das nossas praias e oceanos.

Leia o que ele disse...

“Embora esteja ficando mais coroa, meu foco sempre foi e sempre será performance. Fico impressionado com a facilidade com que as pessoas estão desenvolvendo a técnica do tubo. Se pegar um filme de dez anos atrás, um cara que entubava bem é como um garoto de 12 anos hoje. Tem o surfe de aéreos, que a cada dia o pessoal voa mais alto. Também gosto de ver, desde que o cara seja completo e não prepare uma situação para criar o aéreo, mas que consiga encaixar isso tudo com estilo e linha. Fico muito preocupado com a qualidade da água. De não conseguir que meus filhos passem para os filhos deles o que eu pude passar para os meus. De surfar junto, de cair em todas as praias. Está piorando rápido e se a gente não se mexer, não conseguiremos mais praticar o nosso esporte. A previsão que gostaria que concretizasse é que daqui há 20 anos estivéssemos comemorando o aniversário de dez anos do quinto título mundial do Mineirinho e da Silvana. Que estivéssemos caindo em nossos reefs artificiais no Rio. Também sonharia para o surfe ser mais reconhecido, para ter mais apoio do governo, como os outros esportes. Que os brasileiros fossem menos discriminados. De repente estaríamos vendo uma grande entrevista com um atleta brasileiro numa revista gringa. Assim a comunidade internacional não trataria a gente com aquele resquício de colonialismo e preconceito”.

E já que o papo é sobre a Hardcore, não chegou a me empolgar a edição nº 236 (agora de casa nova). Nessa mesma reportagem, Chris Kypriotis, Ceo da Billabong Brasil também ganha generoso espaço...

Chris Kypriotis personalidade do surfe?
Me poupem.

8 comentários:

jefferson lopes disse...

Paradoxo! A questão é que não adianta apontar os problemas sem se ver como um dos agentes do mesmo. Esse é o dilema atual da humanidade. Ninguém quer abrir mão de nada em detrimento do bem coletivo, seja automóvel, moda, esgoto, alimentação ou qualquer outro ítem do modo de vida consumidor/capitalista de ser...

Anônimo disse...

se todos levasem o padrão de vida dos americanos ai sim o surf iria por agua abaixo

jefferson lopes disse...

Por que? O nosso padrão se vida só é economicamente inferior. De resto, somos tão consumistas quanto eles, comemos o lixo industrial, não vamos na esquina se não for de carro, produzimos uma quantidade exagerada de lixo de toda espécie, nosso esgoto não é tratado adequadamente, e o pior é que querem jogá-lo no mar. É, pelo jeito o futuro é obscuríssimo. Enquanto isso, a galera tá preocupada em surfar na época da tainha...

Anônimo disse...

Salve!!!!Concordo c/JefF, temos q ser agentes trabalhadores e ativos, na procura por soluções.Temos q pensar globalmente.Afinal esta merd...toda q está áí no World e resultado de nossa atuação no planeta. Ou vc é tão bom q nem um simples papel de bala vc deixa por aí, solto ao léu.Qto ao magazine,Galego sangue bom, vc continua insuperável na critica.Clika o Camerasurf lá e divirta-se. Aloha, boa semana.
Castro

Julio Adler disse...

Gross nunca usou RM.
Surfava e ainda surfa com as pranchas do Victor Vasconcelos.
Abrazzo

Maurio Borges disse...

É verdade!
Gross andava com as pranchas do Victor.
Valeu Julio.

Anônimo disse...

realmente as revistas de surf brasileiras empolgam cada vez menos

fred disse...

na boa, acho maneiro dar suporte a tudo que for local. O shaper da sua cidade eh o melhor, a marca de surfwear do seu amigo a melhor de todas, e assim vai...
Mas revista ta foda, eu assinei mesmo a surfing magazine, promocao, 12 dolares por ano mais 12 dolares de correio pro brasil, sai 5, 6 reais por revista, mais barato que qualquer coisa... E que revista Boa, divertida, cheia de fotos alucinantes, e trips iradas...