Rio de dinheiro

Quem acompanha o Alohapaziada já deve ter lido por aqui algumas coisas que escrevi sobre o Rio de Janeiro, principalmente sobre suas praias e o seu futebol, aquele jogado nas antigas, porque o futebol de hoje anda muito mal das pernas.

É que desde pequeno, como meu pai era jornalista esportivo, cresci ouvindo as rádios Globo e Tupi, e as transmissões dos Fla-Flu com Rui Porto e comentários do velho João Saldanha.

Ir ao Maracanã, lotado, e assistir o meu Figueira contra o Flusão na decisão da Copa do Brasil em 2007, foi uma das minhas maiores emoções. Assim como acompanhar numa Barra da Tijuca cascuda o primeiro título mundial do Slater.

Sou mané de uma ilha mais ao sul do Equador e não posso negar minha paixão pela cidade carioca e seu povo. O Rio é lindo, cartão postal do Brasil, é mágico, tem um astral diferente, uma vibração que é difícil até pra descrever.

Com uma profunda dor no coração torci muito contra a cidade do Rio nessa tarde de sexta-feira. É que sou contrário as Olimpíadas nesse País de miseráveis, repleto de problemas sociais, de uma sociedade corrupta, de uma classe política nefasta e de uma nação que não valoriza seus ídolos do passado.

O Brasil não é uma nação esportiva! Veja o Diego Hipólito, medalhista olímpico, sem patrocínio, sem receber salário e sem perspectiva de um futuro digno. Isso sem falar no pessoal do handebol, pólo, boxe, ginástica, tiro, natação, atletismo e judô (que está um pouquinho melhor)...

Então, não há razão para acreditar nessa gente que comanda o COB. Aliás, não sei se você sabe, o Tribunal de Contas da União rejeitou 98% das prestações de contas dos últimos Jogos Pan Americanos. O desvio das verbas públicas foi grande e a roubalheira generalizada.

O problema é que não temos segurança. Não temos educação. Não temos saneamento básico. Não temos um sistema de saúde digno. Não temos as coisas mais simples e novamente o dinheiro que deveria ir para essas prioridades terá outro destino com construções de obras que após o término dos jogos irão com certeza ficar abandonadas pois inexiste uma política esportiva.

Mas já que a coisa se definiu e o Rio de Janeiro vai mesmo realizar as Olimpíadas, só espero que essa gente, esse bando de escrotos comandados pelo "picareta-mor" Carlos Nuzman, possam pelo menos, revitalizar, reestruturar e recuperar a auto estima de um povo que vive numa cidade alucinante e que um dia já foi chamada de Maravilhosa.