Sem misturar a linha entre fatos e a ficção e a autocrítica, deixem-me começar lembrando alguns eventos.
A interrogação começa:
Você já serviu nas Forças Armadas?
Não.
Você já serviu em alguma outra Força Armada?
Não.
Você já trabalhou para o governo?
Não.
Você tem propriedades?
Não.
Você tem um lar?
Não – só uma caixa postal.
Você tem alguma forma de seguro ou pensão?
Não.
Você tem conta em banco ou cartão de crédito?
Não.
Você já foi sustentado pelo serviço público de bem-estar?
Não.
Você tem alguma coisa?
Não.
Você já foi casado?
Não.
Você é homossexual?
Não são todos nesse país ferrado?
Quem você pensa que é?
Quem você quer que eu seja?
Responda apenas à pergunta, sim ou não. Como você ganha a vida?
Pela mais antiga das maneiras: livre comércio.
E que diabos isso significa?
Troca.
Você é um mentiroso! Você trafica drogas. Você deve $300.000 ao Imposto de Renda.
Caso encerrado.
A interrogação começa:
Você já serviu nas Forças Armadas?
Não.
Você já serviu em alguma outra Força Armada?
Não.
Você já trabalhou para o governo?
Não.
Você tem propriedades?
Não.
Você tem um lar?
Não – só uma caixa postal.
Você tem alguma forma de seguro ou pensão?
Não.
Você tem conta em banco ou cartão de crédito?
Não.
Você já foi sustentado pelo serviço público de bem-estar?
Não.
Você tem alguma coisa?
Não.
Você já foi casado?
Não.
Você é homossexual?
Não são todos nesse país ferrado?
Quem você pensa que é?
Quem você quer que eu seja?
Responda apenas à pergunta, sim ou não. Como você ganha a vida?
Pela mais antiga das maneiras: livre comércio.
E que diabos isso significa?
Troca.
Você é um mentiroso! Você trafica drogas. Você deve $300.000 ao Imposto de Renda.
Caso encerrado.
Para parafrasearmos Fausto: “A juventude e o desdém são magníficos, mas eventualmente você tem que pagar ao diabo.”
Totalmente nu lá estava eu de pé, acorrentado, algemado e paralisado como qualquer outro escravo capturado no século XX, em que seres humanos sofrem lavagem cerebral e são destruídos de várias maneiras por um estúpido processo disciplinar. Com todos os meus pertences confiscados me jogaram um macacão do governo acompanhado do inevitável comentário: “E aí cara, qual a tua pena?”.
Com minhas expressões faciais particularmente prosaicas, eu respondi: “Entre outras coisas, uso impróprio do cartão de crédito.”
Alguns dos rapazes locais estavam me checando como se eu fosse um ladrãozinho de carteiras de segunda classe. Um cuspiu: “Ah, sei, foi para Las Vegas passar o fim de semana, hein?”
Na minha melhor dicção respondi: “Não, não exatamente. Só fiz uma viagenzinha em volta ao mundo.” “Hein? Ah, legal, e quanto tempo você passou fora, cara?”
E então pude fazer minha triunfante declaração: “Sete anos, cara!”
Uma gritaria estourou enquanto um guarda me escoltava até a minha cela: Penitênciaria Federal de Terminal Island, Segurança Máxima, Long Beach, Califórina.
De 1974 a 1981 Mickey Dora cobriu mais de 200 mil milhas por quatro continentes, noventa por cento do tempo reconhecendo as áreas costeiras da Índia, África, Ásia, Indonésia, Austrália, Nova Zelândia, América do Sul e centenas de ilhas. Apenas na Europa a Interpol e os Federais chegaram perto de pegá-lo. Só depois de cinco passaportes e milhões de dólares dos contribuintes gastos a sua procura, e que com um revólver apontado para a sua cabeça, Dora declarou-se “voluntário” para voltar aos Estados Unidos, terminando assim a mais extraordinária odisséia do surfe na história da humanidade.
Totalmente nu lá estava eu de pé, acorrentado, algemado e paralisado como qualquer outro escravo capturado no século XX, em que seres humanos sofrem lavagem cerebral e são destruídos de várias maneiras por um estúpido processo disciplinar. Com todos os meus pertences confiscados me jogaram um macacão do governo acompanhado do inevitável comentário: “E aí cara, qual a tua pena?”.
Com minhas expressões faciais particularmente prosaicas, eu respondi: “Entre outras coisas, uso impróprio do cartão de crédito.”
Alguns dos rapazes locais estavam me checando como se eu fosse um ladrãozinho de carteiras de segunda classe. Um cuspiu: “Ah, sei, foi para Las Vegas passar o fim de semana, hein?”
Na minha melhor dicção respondi: “Não, não exatamente. Só fiz uma viagenzinha em volta ao mundo.” “Hein? Ah, legal, e quanto tempo você passou fora, cara?”
E então pude fazer minha triunfante declaração: “Sete anos, cara!”
Uma gritaria estourou enquanto um guarda me escoltava até a minha cela: Penitênciaria Federal de Terminal Island, Segurança Máxima, Long Beach, Califórina.
De 1974 a 1981 Mickey Dora cobriu mais de 200 mil milhas por quatro continentes, noventa por cento do tempo reconhecendo as áreas costeiras da Índia, África, Ásia, Indonésia, Austrália, Nova Zelândia, América do Sul e centenas de ilhas. Apenas na Europa a Interpol e os Federais chegaram perto de pegá-lo. Só depois de cinco passaportes e milhões de dólares dos contribuintes gastos a sua procura, e que com um revólver apontado para a sua cabeça, Dora declarou-se “voluntário” para voltar aos Estados Unidos, terminando assim a mais extraordinária odisséia do surfe na história da humanidade.
Um comentário:
Esse era "o cara". Uma lenda viva, coisa rara nas gerações subsequentes. Quantos você conhece hoje, movidos pelo idealismo, que seriam capazes de uma aventura como essa? Os aventureiros de hoje são "playboys" com grandes patrocinadores, movidos pela grana e pela fama, seja na pororoca, ou nos "tow-ins" da vida...
Postar um comentário